Qual a visão dos médicos brasileiros sobre a vacinação? Pesquisa desvenda 685r20
Levantamento do Instituto Ipsos ouviu especialistas sobre desafios da imunização; veja vacinas mais indicadas nos consultórios 22561y

Na última década, o Brasil começou a experimentar uma consequência negativa do sucesso da imunização: somado o fenômeno das fake news e movimentos antivacina, a eliminação ou redução de doenças fez com que a cobertura vacinal despencasse. Há um processo de recuperação em curso, mas será necessário um movimento do governo, da sociedade e dos profissionais de saúde para que toda a população fique protegida de patógenos que podem causar desde hospitalizações até a morte. Para avaliar como o tema é visto pelos brasileiros, o instituto de pesquisa Ipsos realizou um levantamento sobre a importância das vacinas e encontrou apoio de 90% dos médicos e adesão de 75% da população, um sinal de que ainda é possível conquistar mais adeptos.
Além de entrevistar médicos e 1 000 adultos com mais de 18 anos, a pesquisa avaliou o cenário da imunização no país com base nos dados do DataSUS, do Ministério da Saúde. Segundo o levantamento, foram aplicadas 115 milhões de doses por ano no período de 2022 a 2024. Esse montante corresponde a todos os imunizantes ofertados gratuitamente pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI).
O balanço do ano ado mostra que as vacinas mais aplicadas foram: difteria e tétano adulto (9.934.572), hepatite B (9.861.322), poliomielite oral (8.662.309), pólio injetável (7.068.520) e febre amarela (6.903.869). A vacina da dengue, ofertada para jovens de 10 a 14 anos, apareceu em décimo lugar com 4.047.975.
Entre as especialidades dos 68 médicos entrevistados, estavam pediatria, oncologia, clínica geral, ginecologia e pneumologia, e 90% dos profissionais ouvidos afirmaram que a vacinação é importante da prevenção de doenças dentro da sua especialidade médica. A pesquisa tinha níveis de concordância gradativos e os 10% restantes ficaram dissolvidos nesses estágios. Em relação ao impacto para o manejo e tratamento de doenças, 79% afirmaram que a vacina tem influência.
Desafios para a vacinação 46y4t
O levantamento perguntou quais eram os maiores desafios em relação à vacinação dos pacientes e 53% dos médicos afirmaram que é a dificuldade de o a imunizantes que não estão disponíveis no calendário. Em segundo lugar, com 43%, ficou a falta de adesão às campanhas e, em terceiro, ausência de conhecimento da população sobre as vacinas de rotina (38%).
“Quando a gente fala com médico e com a população, estamos captando percepção e sabemos que existe um dado preocupante de queda na adesão a vacinas tradicionais e aumento de doenças evitáveis pela imunização”, explica Adriana Ghobril, diretora de Saúde da Ipsos.
O ranking de vacinas mais prescritas por médicos brasileiros é formado por gripe (76%), covid-19 (74%), herpes-zóster (63%), vírus sincicial respiratório – VSR (62%), dTpa (56%) e hepatite B (56%).
A vacina contra o herpes-zóster teve pedido de incorporação no SUS feito pelo Ministério da Saúde em abril e a contra o VSR, vírus causador da bronquiolite, recebeu aval da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) para oferta gratuita em fevereiro deste ano.
Adesão às vacinas 4f3845
Do lado da população, o levantamento apontou que 75% dos entrevistados afirmaram que tomam todas as vacinas recomendadas por médicos e campanhas, 19% buscam apenas que consideram “essenciais” e 6% não se vacinam. O imunizante com maior adesão foi contra a covid-19, totalizando 85% das respostas, seguido de difteria e tétano (75%), tríplice viral (75%), febre amarela (74%) e gripe (70%).
“A meta do PNI é de atingir 95% da população vacinada, então, ainda tem uma oportunidade enorme para crescer. O resultado, em geral, é positivo, mas temos muitos desafios ainda”, avalia Adriana.
Segunda ela, as mobilizações poderiam levar cada vez mais em consideração o poder dos profissionais de saúde de levar informações para os pacientes e de conquistar a confiança deles.
“Os médicos têm de entender o papel deles nessa orientação e na questão de educar e desmistificar. É preciso fazer campanhas direcionadas tanto para a conscientização quanto para os profissionais de saúde para que eles tenham uma voz ativa perante a população.”